Edição 163 - Aracaju, 09 de setembro a 07 de outubro de 2012

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Turismo

Cosmopolita e surpreendente
Curitiba é uma cidade pronta para os turistas

Por Sônia Araripe

Foto: Isabella Araripe

Curitiba: sustentável e pronta para o turismo


A balbúrdia de jovens na faixa dos 15 anos correndo freneticamente pelo local dá o tom certo que estamos diante de uma “celebridade” cultural. No caso, a Ópera de Arame, teatro incrustado em meio à natureza, feito pelas mãos de homens e aço aparente que contrastam com o lirismo dos shows e peças que abriga. São estudantes da pequena Jacarezinho, no norte paranaense, célebre por ter dado ao mundo de celebridades instantâneas a famosa Grazi Massafera, miss, expoente do midiático Big Brother Brasil e hoje estrela de novelas.

Por todo o lado é assim. Curitiba deixou de ser um destino não tão provável para se transformar também – por que não? – em celebridade turística. Com direito a todas as regalias. Vem gente de todos os pontos deste Brasil de-meu-deus e também de fora. Como as candidatas ao concurso de pequeninas misses, quase como o filme Miss Sunshine, vindas, acompanhadas dos pais, de lugares tão distantes como a Ucrânia ou a África do Sul.

Com promoções aéreas a jato e ofertas hoteleiras para todos os bolsos, ficou ainda mais fácil visitar a capital paranaense, conhecida por sua hospitalidade e também pelo projeto bem-sucedido de cidade sustentável. Isso foi lá atrás, semente plantada pelo urbanista Jaime Lerner, história mais do que conhecida por todos. Dessa época sobrou tudo e um pouco mais. As ruas são muito bem asfaltadas, arejadas, há flores e paisagismo por todo canto e os transportes públicos são simplesmente funcionais, correndo dentro de corredores específicos. Nada mais simples do que entrar na estação, pagar ao virar a roleta e já esperar o ônibus protegido do sol ou frio em corredores rápidos e eficientes.

Por estas bandas é assim. Se o ônibus indicar que passará 11h04, acredite! Passará exatamente neste horário, como se fosse na Europa, com aquela pontualidade britânica de tirar o fôlego de qualquer turista brasileiro desavisado e distraído. Com foco nos turistas, existe uma linha de ônibus especial de dois andares que circula nos principais pontos turísticos, como a Ópera do Arame, citada aqui no início da prosa e 23 outros. Vale embarcar. No nosso caso, buscamos outra opção porque éramos cinco ao todo e já tínhamos alugado carro para ficar mais à vontade para os três dias de folga. Mas, se não é o seu caso, vá de ônibus mesmo. Funciona, é barato (custa R$ 25 por pessoa) e dá para visitar o local e reembarcar. Em cerca de quatro ou cinco horas dá para ver, tirar retrato de tudo e voltar ao ponto inicial.

Curitiba tem um pouco de tudo. Teatros, museus, feirinhas, centros culturais, jardins.... não falta o que ver. Empresas apoiam e adotam alguns destes pontos turísticos: o Jardim Botânico, por exemplo, que mais parece um palácio de cristal, foi adotado pelo Boticário e o Museu de Arte Moderna, projeto de Oscar Niemeyer, tem uma dúzia de grandes patrocinadores. Por aqui é assim: tudo funciona, é limpo e pronto para receber turistas.

Uma boa pedida é subir na Torre telefônica, patrocinada pela Oi, no caminho do bairro italiano de Santa Felicidade. Do alto é possível ver o “cinturão” verde e perceber que esta é, sem dúvida, uma cidade diferente. Parques em profusão, como o Barigui, o Tingui, o Tanguá, o Bosque do Papa e tantos outros. Verde não falta mesmo.

No Museu de Niemeyer, em forma de olho, demos a tremenda sorte de encontrar uma exposição de Modigliani – Imagens de uma vida. Não foi só. Também de Poty, ilustrador paranaense, típico “produto” cultural local. Esteve no Xingu com Darcy Ribeiro e ilustrou alguns de seus livros.

Não se espante, portanto, se “tropeçar” em alguma exposição genial na sua visita. Curitiba é assim: provinciana, porém cosmopolita; calma, porém agitada; previsível, porém surpreendente.

Uma cidade que já nos presenteou com artistas geniais como Paulo Leminski e Juarez Machado (apenas para citar alguns mais recentes) tem tudo para estar sempre em ebulição. Curta também a boa mesa, perca-se nas opções entre massas nas cantinas de Santa Felicidade (prefira sempre o Velho Madalosso e não o quase “shopping” novo); as pizzarias do Batel (como a Avenida Paulista) ou tantas outras alternativas. Há muito o que conferir por todos os lados. Se ainda não conhece, planeje corrigir esta lacuna na sua agenda turística. Vale o passeio.

 

Sônia Araripe é jornalista e editora de Plurale em site e Plurale em revista. Contato: [email protected].